sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Segredo da Escuridão - Contos Sombrios 05

Sonhos Ruins
por E.H.Mattos
Transcrito por Kane Ryu

Sonhos são portas para ilusão ou passaporte para a verdade escondida nas sombras... Quem conhece o segredo da escuridão, sabe que a segunda afirmação é a válida... Mas e quem não conhece, ou não se lembra?

Ben conheceu o segredo da escuridão através de Charlotte, a sensual lobisgirl que roubou-lhe a atenção, o juízo e o coração, o que o jovem repórter do interior fluminense não sabe, é que outro contato imediato com um membro da sociedade das sombras foi apagado de sua mente. Um encontro não tão agradável, quanto o encontro com a adorável ruiva. Encontro que agora tirava-lhe o sono, mesmo que não lembrasse dele.

_ Acorda, Ben! Vamos! _ Charlotte o sacudia afobada com o pé, enquanto pulava na cama de casal que dividiam a uma semana.

_ O que aconteceu? Onde é o incêndio?! _ comentou Ben tentando buscar um pouco de humor, em meio a mais um dia no Rio de Janeiro de Bienal com a lobisgirl.

Era o sétimo dia da feira do livro carioca e ele estava se sentindo um caco. Não só pelos dias indo e vindo pelos 3 pavilhões do RioCentro, cheio de novidades literárias, mas também pelas noites de paixão que passava com a lobisgirl, em uma pousada próxima. Sentia-se exausto e não por estar com Charlotte, praticamente em Lua-de-Mel, mas por ser atormentado durante o sono, por pesadelos horripilantes, envolvendo vampiros, que não o deixavam dormir em paz. Pesadelos com uma vampira que não consegui lembrar do rosto. Só que ele preferiu não comentar nada com Char, especialmente depois do primeiro encontro dele com um vampiro, no ano anterior, quando foi na Bienal de São Paulo.

_ Levanta, Ben! _ insistiu Char, ainda pulando na cama.

_ Que horas são?! _ ele perguntou, olhando a lobisgirl já vestida, só faltava calçar os sapatos _ É impressão minha ou ainda está escuro?

_ Sim, está escuro. Está amanhecendo. _ disse ela sentando na cama ao lado dele _ Vamos, levanta, eu quero chegar cedo na Bienal hoje.

_ Char, hoje é feriado nacional, só vão abrir às 10h.

_ Hoje vai uma autora que eu quero 2 autógrafos e só tem 150 senhas. Um livro autografado por cada uma.

_ Você quer autógrafo da...

_ Ela mesma! Agora vamos.

_ Desde quando é fã de livros de vampiro?

_ Não sou... Se bem que eu achei uns livros de vampiros muito legais na Bienal, com uma vampira japonesa, que tem um grupo de "primos"* bem interessantes. Ah, sim, achei um outro que conta a história de um pacto entre vampiros e lobisomens que também amei!

_ Livros? Comprou LIVROS com vampiros?

_ Compre, mas os livros que quero autografar serão presentes.

_ Presentes? Pra quem?

A lobisgirl olhou para Ben com um sorriso maroto e não respondeu.

_ Um vampiro ainda vai morder você qualquer dia desse, por conta dessas suas gracinhas. _ comentou Ben, levantando contrariado e indo para o banheiro _ Os dois vão te xingar pela insinuação, tá sabendo?

Rindo como uma menina levada, dado ao comentário, Char olhava Ben atentamente, enquanto ele seguir para o banheiro.

_ Quer companhia? _ disse ela com uma expressão maliciosa, olhando Ben nu de cima a baixo, antes dele fechar a porta.

_ Quer sair daqui cedo? _ ele retrucou sorrindo malvado.

_ Ok, seja rápido.

Foram dos primeiros a chegar diante do portão de entrada do RioCentro, no pavilhão laranja.

_ Sorte que a fila lá fora era só para o tal padre. _ comentou Charlotte _ Ou ia te xingar muito.

_ Me xingar?! Foi você que demorou para escolher qual tênis usar. Não entendo a obsessão das mulheres por sapatos, mas tudo bem que fiquem na dúvida entre modelos variados, mas tênis... Era só escolher uma cor que combinasse com a sua roupa, que no caso de tênis, creio que qualquer um ia servir.

_ Homens! Vocês não entendem nada de moda.

_ E agora? _ questionou Ben, mudando de assunto, olhando desanimado para o portão fechado, o qual só abriria daqui a algumas horas.

_ Esperamos... _ disse Charlotte beijando Ben demoradamente.

_ Melhor esperarmos comportados, afinal tem um bando de beatas lá fora, que daqui a pouco devem vir para cá... Quer dizer, estão vindo. É impressão minha ou teremos confusão?

_ Não é impressão... De quem foi a "brilhante" ideia de fazer sessão de autógrafos em uma Bienal para um padre. Olha a roupa das beatas, parecem que vão a missão e não enfrentar fila para pegar autógrafo.

_ Vocês estão furando a fila! Não podem entrar antes de nós. _ uma beata furiosa gritou.

_ Não briguem somos todos povo de deus! Vamos rezar e não brigar. _ disse uma outra quando começou a discussão entre o pessoal de ambas as filas.

_ Elas estão achando que essa fila toda é só para o padre? _ Ben questionou ficando preocupado.

_ Acho que sim. Provavelmente nunca foram a uma Bienal.


Char e Ben tiveram que enfrentar as beatas ensandecidas para entrar no pavilhão, pois infelizmente Ben tinha crachá de impressa, mas a lobisgirl só tinha convite e por isso tinha que entrar pela entra principal.

Quando finalmente chegaram a fila para pegar a senha dos autógrafos, ficaram felizes por ver que estava grande, mas ainda não tinha 150 pessoas, pois muitos ainda estavam correndo a procura do stand da editora, que os dois já sabiam onde ficava. Sabiam onde estava quase tudo, depois de 5 dias perambulando pela feira. No caso de Ben, 6 dias, pois ele foi no dia dedicado só a imprensa, expositores e autoridades, com a presença até da presidente do Brasil.

_ Que vontade de dar uma dentada eu meia dúzia daquelas beatas! _ comentou Char no pé do ouvido de Ben, que o fez ri _ Tentação! Gente fanática, seja por que for, devia ser separada de pessoas normais.

_ Desde quando você é uma pessoa normal?! _ Ben indagou cínico _ Acabou de dizer que queria dar uma dentada nelas. _ sussurrou.

_ Sou mais normal que elas... Mas que ia ser interessante fazê-las correr daqui, fugindo de um lobo gigante, seria? _ diz a lobisgirl pensativa, sorrindo divertida ao imaginar a cena.

_ Você me assusta às vezes.

_ Às vezes? Bom saber.

Após a distribuição das senhas para os autógrafos os dois foram andar pela Bienal, saber o que teria de atrações naquele dia, visitar autores nos stands... E também trataram de saber onde estariam as beatas do tal padre, para ficar bem longe delas.

_ Vai ver a palestra? _ Ben perguntou, logo após passarem pela quinta vez diante do auditório, percebendo que uma pequena fila, de pessoas com pretinho básico, se formava.

Eles passavam pelo stand onde os livros da autora vampiresca estavam expostos, enquanto Ben questionou a lobisgirl, que olhava a estante de livros pensativa.

_ Talvez. _ respondeu a lobisgirl com o olhar perdido nos livros da famosa escritora de histórias de vampiros _ Vampiros, bruxas, anjos e demônios. Ela bem que podia escrever sobre lobisomens.

Ben riu, era o único tipo de livro que Char gostava de ler, mas em geral reclamava da bestialidade dos lobisomens descritos, tirando um livro que encontrou durante a Bienal, no primeiro dia, de uma autora americana, muito bem traduzido, que teve até um filme inspirado nele. Não largou o livro até ler tudo, pois nele a protagonista, para espanto de Charlotte, era uma lobisgirl.

Quando foram pegar as senhas para a palestra, pois Ben resolveu pegar também, já que mesmo podendo entrar com sua credencial de impressa, não podia sentar e nem pegar os aparelhos para tradução simultânea; tiveram uma surpresa. Com seu inglês nada bom, se irritou ao ouvir Charlotte falar com Beatrice em outra língua que não o português, sentindo-se a princípio excluído, mas depois pensou que as duas pareciam querer esconder algo dele.

_ Olá, Ben. Desculpe. Esqueci que não fala bem o inglês. _ diz Beatrice afinal, o cumprimentando.

_ O que faz aqui, Beatrice? _ perguntou Ben um tanto desconfiado.

_ Estou... Caçando o Kane. _ comentou, após um minuto de hesitação.

_ Nós o vimos ontem, alucinado com sei lá que livro que tinha achado... Ou era com um autor? _ diz Char fazendo pouco caso _ Ben e Kane me assustam, parecem duas criança no parque aqui dentro.

Beatrice olhou para Ben e piscou, a vampira também fazia o tipo alucinada por livro e sabia o que era estar em uma Bienal, ainda mais diante de um autor favorito. Beatrice descruzou os braços e Ben reparou que ela usava uma credencial de impressa.

_ Onde conseguiu?

_ Não é falsa, se é o que está pensando. Sou formada, só que em uma universidade nos Estados Unidos... Já tem mais de 10 anos, mas ainda dá para passar. Acho que até uns 20 vão acreditar que sou só "bem conservada".

_ Fez faculdade?

_ Várias. _ confessou a vampira _ É uma ótima forma de conhecer gente...

_ E conseguir comida fartar. _ completou Char, provacando Ben.

Beatrice nada disse, só tentou segurar o riso.

_ Bom, tenho que ir. _ disse a vampira se afastando.

_ Quer que eu ligue para o Kane? _ Ben ofereceu pegando o celular _ Pelo menos para saber se ele está aqui.

_ Ele está. _ diz Beatrice sumindo em meio a multidão.

_ Como ela sabe? _ questionou Ben _ Mesmo assim, será como achar agulha no palheiro, especialmente hoje que está lotado desse jeito.

_ O bat-radar dela é muito bom, especialmente quando o assunto é o Kane. _ diz Char aproximando-se de Ben e cheirando profundamente o pescoço dele _ Eu também te acharia aqui facilmente, meu humano favorito.

_ Ok, dá para parar de bancar...

_ Uma lobisgirl?

_ Eu ia dizer um monstro de livro de terror, mas isso também serve. _ Ben falou aborrecido.

_ Se não quer ser tratado como um mero humano, devia sair com garotas da sua espécie. _ provocou Char.

Ben olhou com intensidade para a lobisgirl e então a beijou em resposta. Pensando qual o macho, humano ou não, ia dispensar aquela deusa de cabelos de fogo. Só se fosse louco, ou idiota.

_ Não me ameaçando com mordidas, pode falar o que quiser. _ diz Ben afinal.

_ Prefere minhas lambidas, não é?

Ben sentiu o rosto queimar de tão sem graça que ficou, fazendo a lobisgirl gargalhar. O repórter não estava acostumada com mulheres desencanadas em relação a sexualidade, como Char, e por isso era difícil para ele lidar com certos comentário.

_ Cala a boca! _ ele comentou por fim, risonho, beijando-a novamente.


Ben não viu Beatrice na palestra, mas eles a encontraram depois que pegaram os autógrafos e souberam que a vampira tinha visto a palestra sim.

_ Optei por ficar "invisível". _ disse a vampira _ Nunca perderia a chance de ouvir a musa dos vampiros falando aos brasileiros.

_ Vocês não ficam invisíveis, ficam?

_ Claro que não, isso é fisicamente impossível, mas podemos sugerir aos outros para não nos verem. Poder de sugestão básico. _ disse Beatrice sorrindo largamente e deixando os caninos visíveis.

Eram pequenos os caninos da vampiras, mas pontiagudos e Ben tinha certeza que também afiados. Além disso, pelo que ele soube, ficando irritados ou sedentos, os dentes pareciam que se alongavam.

_ Foi um dia tranquilo... _ comentou Beatrice olhando para Char, mas seu olhar não era de afirmção, estava mais para questionador.

_ Sim. _ falou a lobisgirl.

Beatrice sorriu e se despediu, sumindo entre o mar de gente, sem deixar rastro.

_ Ela vai escrever sobre lobisomens. _ disse Charlotte de súbito.

_ O que? Há, sim... Sério? Legal. _ diz bem que por um momento se perdeu nos próprios pensamentos, pensando que algo estava rolando e ele não conseguia sacar do que se tratava _ Estou com uns livros de vampiros dela para ler, vou incluir esse na lista de leitura também.

_ Porque está lendo livro de vampiro? _ perguntou Char séria.

_ Ainda pergunta? _ Ben falou, apontando na direção que Beatrice tinha tomado.

Charlotte ficou calada, por um breve momento, só o analisando e então sorriu, puxando Ben em direção a praça de alimentação do RioCentro.

_ Vamos, estou morrendo de fome. Ainda dá tempo de comer alguma coisa antes de fechar.

A praça começava a esvaziar, após um dia de intenso movimento e depois de comprarem uma tonelada de comida, Ben deixou Char na mesa e foi ao banheiro.

_ Não demora ou como seu cachorro-quente. _ falou a lobisgirl enchendo a boca de yakisoba.

_ Só se for o Flash, comprou comida suficiente para 3 pessoas.

Char sorriu quase diabólica.

_ Ok, não demoro.

Ben estava estranhando o comportamento da lobisgirl, que diferente dos outros dias, não tirou os olhos dele um único minuto. Foram poucas às vezes que se separaram e em geral por conta do único lugar que não podiam ir juntos.

O repórter só descobriu o motivo, quando saía do banheiro, o mais distante, no fim do pavilhão verde, aquela hora praticamente vazio; quando foi abordado por um homem mal-encarado. O homem de cabelos loiros do tipo bagunçado, barba e de olhos castanhos esverdeados, era grande e muito forte, mas o que assustou foi um brilho sinistro nos olhos, que fez Ben sacar na hora que não fazia parte do mundo humano.

_ O que ela viu nesse magrelo fracote?! _ questionou o loiro a alguém, segurando Ben pelo colarinho da camisa, praticamente estrangulando-o contra uma parede próxima.

_ Eu sei. _ Ben ouviu uma voz feminina suave, que para seu espanto soou familiar e tentou saber quem era, mas ao olhar na direção da voz, viu que o brutamonte que o sufocava estava no campo de visão.

_ Larga ele, Gabriel. _ Ben ouvi Charlotte falar num tom irritado.

_ Minha amada! _ esclamou o loiro, chamado Gabriel, olhando na direção de Charlotte que o encarava furiosa.

_ Está sufocando o Ben! _ Char falou, tentando conter a preocupação, ocultada pela fúria que crescia _ Quer largá-lo agora ou...

_ Ou o quê? _ provocou o loiro.

_ Gabriel, você pode ser grande, mas não é dois. _ comentou Char sorrindo maldosa.

_ Eu posso resolver isso.

Charlotte ficou espantada ao encarar a mulher de voz familiar que Ben não pode ver antes, mas que agora via em meio a uma visão embaçada, pois a falta de ar o fez desmaiar.


Quando abriu os olhos, Ben estava deitado em um dos postos de emergência da Bienal, com Char ao seu lado e Beatrice, que o observava um pouco mais afastada.

_ Quem era aquele cara? _ perguntou Ben, tentando sentar sem sucesso.

_ Melhor falar para ele. _ falou Beatrice a Charlotte.

_ Meu noivo... Deveria ser, eu quero dizer. É complicado, Ben. _ falou a lobisgirl embaraçada.

_ Noivo? Como assim?

_ Em geral meu clã gosta de manter as famílias unidas e casam-se entre eles. Isso é um costume antigo, Ben. Nada obrigatório, apenas incentivado. Só que o Gabriel acha que eu deveria casar com ele e fica intimidando todos com quem me envolvo, seja humano ou não. Não é nada pessoal.

_ Nada pessoal? Que bom! _ diz Ben num tom cínico tocando o próprio pescoço que doía, no qual se via um tom vermelho-roxeado, causado pela tentativa de estrangulamento.

_ Eu não gosto dele. _ afirma Char _ Na verdade, eu não o suporto.

_ Eu vi. _ diz Beatrice sorrindo _ Nunca vi uma mulher avançar em um cara com tanta fúria. Fico imaginando o que teria acontecido se eu não tivesse ficado por perto.

_ O pessoal da sociedade das sombras ia ter que inventar umas histórias fantásticas, tipo balões meteorológicos... Por que eu ia arrancar o coração do Gabriel. _ comentou Char passando a mão pelos cabelos de Ben, carinhosamente.

_ Acho que isso você já vez... Metaforicamente falando. _ diz Beatrice, não levando fé na ameaça da geralmente pacífica lobisgirl.

_ E comeria. _ completou Char, desviando o olhar preocupado de Ben e olhando séria para a vampira.

_ Ok, não duvido. _ diz a vampira indicando "entendi o recado" .

_ E a mulher com ele? _ questionou Ben.

Beatrice e Charlotte trocaram olhares enigmático. Foi a lobisgirl que quebrou o clima tenso.

_ Que mulher?

_ Eu a vi de relance, a visão estava turva. Tinha cabelos castanhos... Eu acho. Mas você falou com ela algo que não ouvi. Foi quando desmaiei. Sufocado.

Charlotte manteve a expressão misteriosa e se aproximou um pouco mais dele, antes de dizer:

_ Não sei de que mulher você está falando.


Ben e Charlotte voltaram em silêncio para a pousada, com Beatrice a escolta-los. Já no quarto, Ben foi para o banheiro e tomou um demorado banho. Tinha certeza que Charlotte estava escondendo algo e estava aborrecido com ela, mas não o suficiente para resistir aos carinhos da lobisgirl, que o surpreendeu entrando no chuveiro de mansinho.

_ O que aconteceu lá, Char? _ Ben perguntou entre um beijo e outro.

Ela nada falou, apenas o beijava com mais desejo, fazendo-o retribuir com o mesma intensidade. Lágrimas se misturavam a água que caía abundante do chuveiro e Ben nem sabia o motivo pelo qual chorava.


Quando a madrugada chegou, mesmo exaustou pelo dia cheio de emoções e a última hora que passou nos braços a lobisgirl, amando-a como se o mundo fosse acabar ao amanhecer, Ben não conseguiu dormir. Charlotte encontrava-se adormecida ao seu lado e Ben mal conseguiu cochilar por breves instantes. Observou o corpo nu da amada e suspirou tristonho, apesar de manter um sorriso malicioso no canto dos lábios, enquanto admirava o corpo perfeito da lobisgirl. Entre um conchilo e outros, um sonho causou verdadeiro terror em Ben, pois nele viu nitidamente a mulher que falou com Charlotte, a que estava com o lobisomem Gabriel, enquanto esse estrangulava o repórter. Não se lembrava de onde conhecia a mulher, mas sabia que já a tinha visto e o mais assustador de tudo, tinha certeza que era uma vampira.

Ben sacudiu a cabeça, tentando esquecer o sonho ruim, outro entre tantos dos últimos dias. Se aconchegou ao corpo de Charlotte, buscando uma sensação de segurança para assim, quem sabe, conseguir dormir e afinal o cansaço o levou o nocaute. O que ele não percebeu era que a lobisgirl estava acordada, fingiu dormir, pois uma preocupação a atormentava. Só pensava que talvez não tivesse sido boa ideia, pedir a Beatrice que fizesse Ben esquecer o doloroso encontro com a vampira que estava com Gabriel. Vampira essa que agora, além de querer se vingar de Charlotte em ajuda ao lobisomem e também por motivos que só as duas conheciam, parecia muito interessada em ter Ben novamente em seus braços.

"Só sob meu cadáver", pensou a lobisgirl puxando uma das mãos de Ben para si e beijando-a, antes de fechar os olhos e tentar dormir.


K.R.

Todos os Direitos Reservado - 2011
Conto dedicado a Giulia Moon


Leia outros contos com Ben e Charlotte no blog Segredos da Escuridão. Também há um conto inédito com a lobisgirl na antologia Sociedade das Sombras - Contos Sobrenaturais.


*A lobisgirl chama de 'primo', qualquer outro tipo de ser que mesmo sem ser da família dos lobos, faz parte de alguma espécie da linha de ancestrais em comum dos lobos.

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