Aqueles Olhos
Azuis
por E.H.Mattos
Transcrito por Kane Ryu
Os olhos azuis chamavam
atenção, eram perturbadores, e para a vampira era estranho ver o amante daquele forma. Beatrice ponderava diante de sua nova criatura. Já
tinha criado outros de seu sangue, mas aquele era diferente.
Diferente por ter pedido aquela vida. Ele desejou ser o que agora era
e isso a assustava ainda mais, pois era algo raro de ocorrer e quando
acontecia, nem sempre significava boas novas.
Não era só por causa
de sua nova natureza, era algo mais. Podia se acostumar a ter o
amante com uma nova roupagem, com seus movimentos mais ágeis e a
nova forma como se movimentava, feito um felino. Podia aceitar sua
paixão por aquilo que havia se tornado e as consequentes idiotices que
andava cometendo por conta disso. Porém aqueles olhos azuis a
assustavam.
Era como se olhasse o
reflexo de alguém em um espelho, parecia com a pessoa real, mas no
fim era apenas um reflexo da verdade. Ele agora parecia um reflexo e
a prova estava naqueles estranhos olhos de um azul celestial. A
vampira via seu amor ali, diante dela, mas aquele azul que cintilava em seu olhar,
indicava que não era o mortal que um dia amou, era só o reflexo do
homem que foi um dia.
Beatrice não comentou
nada com o amante, pois a felicidade que ele sentia com a nova
natureza a contagiava, pois realmente amava o que havia se tornado.
Um vampiro. Doce e ainda assim sanguinário. Caçava somente para se
alimentar, mas também buscava pelo prazer. Prazer para si e para
quem desejasse compartilhá-lo com ele, sem medo das consequências.
Seu sorriso era
sedutor, mesmo diante dos caninos ligeiramente aguçados. Sua beleza
sobrenatural era tanta, que não conseguia assustar suas vítimas,
que se entregavam de bom grado aqueles braços fortes e rosto
perfeito, que mais parecia uma pintura de Michelangelo.
_ O que está olhando?
_ questionou o jovem vampiro, curioso, se aproximando de Beatrice lascivo, ao ir na direção que ela estava sentada.
Aqueles olhos azuis de
brilho tão estranho, agora cintilavam de desejo na direção da
vampira. Ele a desejava e ela também o queria, mas o evitava desde
que tudo mudou. Desde que o tornou um dos seus.
_ Porque me olha assim?
Parece que está diante de um estranho. _ ele comentou o que tanto o
incomodava, abaixando-se diante do sofá onde ela havia se sentado.
A vampira o observava andar pela sala a algum tempo, o qual estava curioso com tudo a sua volta, querendo olhar cada objeto com seus olhos de vampiro.
A vampira o observava andar pela sala a algum tempo, o qual estava curioso com tudo a sua volta, querendo olhar cada objeto com seus olhos de vampiro.
Agachao diante dela, debruçou-se sobre as pernas de Beatrice, apoiando os braços sobre
elas, para erguer o rosto na direção dos olhos da vampira. Enquanto
analisava a expressão de sua amante e criadora, sorriu
charmosamente.
_ Nada mudou...
_ Sim, mudou. _
Beatrice o cortou.
_ Não. Isso é bobagem
de sua cabeça. Ainda sou o mesmo.
_ Isso é o que não
tenho certeza.
Ele nada disse,
levantou-se e puxou Beatrice para seus braços, para logo em seguida
ficar rodopiando com ela pela sala, ao mesmo tempo que ria divertido
com aquele simples prazer de bailar junto da amada vampira.
_ Viu? Nada mudou.
Ainda sou o mesmo. Ter me tornado vampiro, além de um desejo meu,
não me fez mudar...
_ Não? Tem certeza que
não mudou?
_ Tenho.
_ Pois você nunca
gostou de dançar quando mortal.
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